O governo francês decidiu que suas escolas, centro culturais,
assim como suas representações diplomáticas e consulares em 20 nações
permanecerão fechadas na próxima sexta em consequência da publicação de
cartuns satíricos com a figura do profeta Maomé pela revista francesa
"Charlie Hebdo". Em outros países, a segurança dessas instituições
será reforçada. A tarde de sexta-feira, após as rezas do meio-dia, é um
período comum de convocação de protestos em países islâmicos.
O ministro de Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, disse que a decisão foi tomada para precaver reações hostis aos cartuns, mas ressaltou que nenhuma ameaça formal foi recebida. Na última semana, dezenas de protestos eclodiram em países islâmicos devido a um vídeo publicado na internet ofensivo ao profeta Maomé. O embaixador dos EUA na Líbia, Christopher Stevens, foi morto com outros três americanos em Benghazi.
Em uma entrevista de rádio, Fabius disse que o direito de liberdade de expressão deve ser resguardado. "Mas no contexto presente, levando em conta o vídeo absurdo que foi divulgado, fortes emoções afloraram em muitos países muçulmanos. É sensato ou inteligente colocar lenha na fogueira?"
O primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, disse em comunicado que desaprova todos os excessos da liberdade de expressão.
Entre os cartuns publicados, há um que mostra o profeta Maomé pelado, posando para um cinegrafista e perguntando: "Gosta das minhas nádegas?" O governo francês havia pedido anteriormente que a revista não publicasse as charges. Todos os 75 mil exemplares da edição de quarta da "Charlie Hebdo" já foram vendidos. Está prevista uma segunda impressão, do mesmo número, para sexta. O site da revista (www.charliehebdo.fr) permanece fora do ar, após ter sido aparentemente hackeado.
O editor da revista, Stéphane Charbonnier, negou que estava deliberadamente sendo provocativo. "A liberdade de imprensa é uma provocação?", disse Charbonnier. "Eu não peço que os muçulmanos leiam a 'Charlie Hebdo', assim como eu não vou para uma mesquita para ouvir discursos que vão contra tudo o que eu acredito."
O porta-voz da Irmandade Muçulmana no Egito, Mahmoud Ghozlan, disse que o governo francês deveria reagir à publicação dos cartuns da mesma forma que reagiria contra quem negasse a existência do holocausto.
Outras autoridades do mundo islâmico criticaram a publicação, mas pediram calma aos fieis. O Ennahda, partido islâmico que governa a Tunísia, disse que os cartuns eram armadilhas para tornar a Primavera Árabe em um conflito com o Ocidente. O Conselho Muçulmano Francês, o maior órgão de representação de muçulmanos na França, disse estar "muito preocupado" que a publicação dos cartuns "exacerbe as tensões e provoque reações". Para o conselho, os muçulmanos devem mostrar seu ofendimento por vias legais.
Não é a primeira vez que a "Charlie Hebdo" provoca os fiéis muçulmanos. Em novembro de 2011, o escritório da publicação, em Paris, chegou a ser incendiado por coquetéis molotov em represália à publicação de uma edição que dizia ter o profeta Maomé como editor e prometia cem chibatadas a quem não achasse graça.
Também em 2006, após a reprodução de caricaturas de Maomé do periódico dinamarquês "Jyllands-Posten", o periódico recebeu ameaças e chegou a ser denunciado por injúrias com base religiosa.
Fonte: Agência de notícias jornal de Floripa
Nenhum comentário:
Postar um comentário