Do avião, na chegada à capital maranhense, já é possível ver a mega
estrutura que avança pela Baía de São Marcos. É o Píer IV do Terminal de
Ponta da Madeira, da Vale. Com 1,6 mil metro, é apenas uma pequena
amostra do terminal que pertence à mineradora brasileira e ocupa uma
área de 18,3 quilômetros quadrados. A construção do quarto píer é um dos
projetos no orçamento de R$ 7 bilhões da companhia para logística
portuária até 2017.
O montante equivale a 38% do que foi investido pela iniciativa
privada no setor portuário brasileiro entre 2005 e 2012, segundo dados
da Inter.B Consultoria. Desde 2010, a Vale executou R$ 1,5 bilhão desse
total. Portanto, o maior esforço será concentrado entre 2014 e 2017.
Determinada a retomar o crescimento de sua produção de minério de
ferro e priorizar megaprojetos como Serra Sul, em Carajás, a Vale
prepara seus portos para escoar os novos volumes. A logística portuária é
peça fundamental no desafio do grupo por competitividade no mercado
externo, em especial na Ásia. Geograficamente, ela está em desvantagem
frente às rivais australianas, que chegam à China em 15 dias. Os navios
brasileiros precisam de 45. A meta é compensar isso com produtividade e
minério de alta qualidade.
O plano estratégico dos terminais começou a ser desenhado em 2007.
“Era preciso modernizar nossos portos, que estavam virando quarentões”,
diz Fábio Brasileiro, diretor de planejamento e desenvolvimento de
logística da Vale. Após os aportes, a capacidade de embarque de minério
de ferro da Vale crescerá quase 40%. “O objetivo é garantir que a
capacidade logística esteja sempre à frente da produção.” Iniciados em
2010, os investimentos englobam de revitalização elétrica a adoção de
simuladores de empilhadeiras.
O Terminal de Ponta da Madeira receberá R$ 4,8 bilhões (70% dos R$ 7
bilhões). De lá, é embarcado o minério produzido em Carajás, onde está o
maior projeto de expansão da história da Vale, o Serra Sul. Orçado em
US$ 19,6 bilhões, elevará em 90 milhões de toneladas de minério ao ano a
capacidade de produção da empresa: é atingir em cinco anos um patamar
de produção que a Vale levou três décadas para conquistar.
Logística
A capacitação logística do Serra Sul consumirá US$ 11,6
bilhões, mais que o desenvolvimento da mina e da planta de
processamento. O projeto engloba a construção de 570 km na Estrada de
Ferro Carajás e a expansão de Ponta da Madeira, inaugurado em 1986.
As obras começaram em 2010 com a construção do Píer IV. A primeira
etapa terminou em agosto, quando o berço sul começou a operar. Mais
moderna que seus pares, essa área do Píer IV recebe os Valemax, navios
desenvolvidos pela Vale, capazes de transportar 400 mil toneladas de
minério de ferro.
Eles operam no sistema “single-pass”, enchendo um
porão de uma só vez, sem a necessidade de movimentar o carregador de
navios. “A nova tecnologia já permitiu um ganho de 15% no tempo de
carregamento dos navios e isso vai aumentar”, diz Cláudio Mendes,
diretor de Operações Porto Norte da Vale.
Em janeiro, a companhia
iniciou a construção do segundo berço, o Píer IV Norte. Quando ficar
pronto, a Vale poderá receber cinco navios ao mesmo tempo em Ponta da
Madeira - três Valemax. A meta é manter a situação atual de estoque
zero.
À medida em que o Sistema Norte ganhar corpo com Serra Sul crescerá a
relevância de Ponta da Madeira. A ideia é que as intervenções no Píer
IV e a renovação das áreas antigas terminem no segundo semestre de 2017.
O terminal passará a receber até 30 trens/dia, um salto de três vezes, e
escoará dois terços da produção da Vale, superando Tubarão (ES) e os
portos do Rio, com os quais hoje divide embarques igualmente.
Fonte:Mariana Durão, enviada especial | Agência Estado/O Estado de S. Paulo./A Tarde com.br/
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